Desafios/Oportunidades da Nova Era
Histórias de Sombra – Sustendo, Integrando e Evoluindo…
Hoje
escrevo para Homenagear…
Hoje
escrevo porque sim…preciso de manifestar emoções…e Chorar…Curar…
Tenho
dado um claro privilégio, especialmente neste espaço/blog, ao que chamo de
Histórias de Luz, mas como normalmente na vida as coisas têm pelo menos dois
lados…JTudo tem o seu Papel e
Importância…Tudo faz parte…Tudo Um…
Está
na hora de abordar uma questão que penso que nunca abordei aqui explicitamente,
o Morgado é vizinho da Almina (antigas pirites alentejanas, hoje no essencial
explora-se o Cobre). Aljustrel tem um longo historial de exploração mineira,
sendo das minas de Portugal mais antigas. A Lavaria da Mina de Aljustrel ocupou
parte significativa da antiga Herdade do Morgado a caminhar para o final do
século passado. Nessa altura o Morgado passou de 230ha para os actuais 130ha.
Aproveitou-se a melhor e mais abundante linha de água da Herdade (“ah, como era
boa a água do barranco do Morgado”) para se construir “instalações de
resíduos”, onde se depositam os “rejeitados” (todos os metais que não
interessam e que são separados no processo de apuramento dos concentrados de
cobre). Um Paraíso com capacidade para o ser cada vez mais…foi destruído…e
transformado num Inferno…numa paisagem lunar/marciana onde a Vida luta para
subsistir…e para que? Com que Sentido? Já lá iremos…
Claro
que, quando comecei esta Aventura esta vizinhança era e é um factor importante.
Desde o inicio que procurei uma aproximação à empresa até para conhecer melhor
um processo que me era de todo desconhecido. Como tenho descrito no blog, as
soluções para Regenerar, Curar e Restabelecer/Construir/Criar Habitats Humanos
que possam acolher e estar em Harmonia com a Nova Fase da Evolução da
Consciência Humana são “embaraçosamente simples”, a exploração mineira como é
feita hoje em dia ao lado do actual Morgado é um processo bem mais complexo e
difícil.
Das
primeiras acções que me lembro de realizar no Monte (2010) foram precisamente
análises às diversas fontes de água da Herdade, no sentido de despistar qualquer
foco de “poluição” (ou de uma concentração excessiva de algum componente
resultante da acção humana). Muito Grato ao Engenheiro do Ambiente e amigo
Pedro SerpaJ. Ao longo dos cerca de 5 anos que leva esta aventura penso que reuni
com a administração da Almina apenas cerca de 5 vezes (maioritariamente por
minha iniciativa, especialmente se excluirmos as vezes em que a empresa
precisava mesmo de informar ou chamar a atenção do vizinhoJ). Tirando a primeira vez, o meu principal
interlocutor foi o Eng. Arménio Pacheco com quem gosto de conversar (também por
que me lança diversos desafios que me fazem pensar e evoluir) e por quem nutro
carinho, respeito e compaixão, apesar de como devem calcular as interacções não
serem nada fáceis e energeticamente exigentes. Também tenho sido,
principalmente, ouvido pela Engenheira do Ambiente Vera Palma e mais
recentemente pela responsável dos recursos humanos Dra Ana Isabel Braz. Desde
já os meus Sinceros Agradecimentos por toda a Atenção e Paciência em me aturaremJ.
Ao
longo desde últimos 5 anos tenho interagido com diversas pessoas da comunidade
que rodeia o Morgado, de Aljustrel e Rio de Moinhos e percebe-se realmente a
influencia/importância do rendimento monetário que a mina vai proporcionando.
Mas depois normalmente vem a pergunta do “Chato”J então mas está a cumprir o seu Sonho? O que lhe vai
na Alma e Coração? Como é que se sente? …”ah…cá vamos…vamos andando…cada vez
pior”…é um trabalho difícil, mas como muitos outros “vai entrando no corpo”…torna-se
um hábito…um ganha pão...sinto que as pessoas não têm aquilo brilho nos olhos…o
que eu gostava realmente? Era isto, aquilo e outra coisa…mas não há mais
nada…pelo menos aqui e agora tenho o rendimento certo…afinal parece que não
evoluímos ainda muito em termos de realmente se Humanizar o Trabalho…
Tenho
um grande Respeito, em especial, pelas pessoas que se sujeitam a condições de
trabalho que, por mais protecções e seguranças que se promovam, claramente lhe
degradam a qualidade e esperança de Vida…”pois sabe…é que eu trabalhei na
mina e tenho esta mazela aqui…e mais esta e aquela Dor acolá”…
Claro
que quando comecei esta Grande Aventura (depois de ter entrado na maior
Aventura de Sempre que foi ser PaiJ) as interrogações e dúvidas eram bastante maiores…mas
quanto mais se caminha na direcção certa, mais fácil se torna caminhar…e de
alguma forma todo o nosso percurso nos vai preparando para estar no aqui e
agora. Talvez tenha sido na primeira reunião com o Eng. Arménio que lancei a
pergunta…imagine que o seu terreno (no fundo a sua casa e o projecto que
despoletava no senhor aquele brilho nos olhos) era aqui ao lado? Ele
imediatamente respondeu: Não tem problema nenhum, as instalações de resíduos
estão impermeabilizadas (como se a Natureza fosse assim tão fácil de controlar,
prender…como se não houvesse incerteza…como se o mágico incognoscível já
tivesse totalmente decifrado). A Natureza tende a democratizar, espalhar,
partilhar o que está excessivamente concentrado…Equilibrar…
Nesta
altura inicial e a meu pedido, foi me facultada uma visita às instalações da
Lavaria. Tive uma Bela guia na pessoa da Eng. Vera Palma. Muito Obrigado por
Toda a Atenção, Disponibilidade e PaciênciaJ em ouvir e responder às minhas questões e alguns
desabafos! Apesar de diversos emails e pedidos terem ficarem sem resposta,
sinto que a Vera faz o que pode para no essencial não pôr em causa o seu
emprego/ou posto de trabalho, o seu rendimento monetário. Será que segue o seu
sonho? Não podemos ser fundamentalistas disse me ela um dia…”espero que tenha
ficado com uma melhor imagem da Almina com esta visita”… realçando me (a mim o
EconomistaJ) o papel que a empresa tem no “crescimento económico” do Pais…vou
resistir, por agora, a falar deste conceito para não me dispersarJ…
Guardo
imagens, sons, cheiros, sentimentos, emoções desta visita…eu que tinha passado
os últimos meses a plantar as primeiras árvores na Escola da Grande Árvore (no
Morgado) e começado um processo Alquímico de re-ligação com a Mãe Natureza…a
minha Sensibilidade estava já mais apurada…e com isso vem também mais
Consciência. Comparado com o que vi e senti, o que fazia era tão mais Simples e
Belo…no Fundo é Poesia…como alguém que disse recentemente…a poesia é das
expressões mais elevadas que o Ser Humano pode almejar…
No
princípio da visita… (devemos estar atentos aos princípios, pois se sentimos que
eles estão errados…como podem os fins estar certos?), comecei logo a ficar
desconfortável tal eram as recomendações e cuidados a ter, equipamento a
vestir…etc…
Talvez
a melhor forma de descrever a instalação industrial é que não é nada
potenciadora de Vida…embora tenha que dizer que na ultima reunião que fui, já
na companhia da minha filha Lara (agora com 7 anos) e com o meu agora
companheiro de jornada Pedro Horta (um autentico anjo que desceu dos céus na
altura certa), nos deparamos com um ninho de pássaros num dos jovens cedros
plantados ao pé do edifício da administração do complexo industrial. A
capacidade/generosidade de resposta da Natureza dá realmente fé e esperança…J.
A
Vida Continua Sempre…
Lá
continuamos a visita…observamos como o cobre é transportado do subsolo para a
lavaria…e depois passa por uma processo de redução do seu volume, limpeza e
apuramento do produto final (os almejados concentrados de cobre). Em todo o
processo são usados produtos químicos (não sei quais, nem como depois se faz a
gestão dos mesmos) e enormes quantidades de Água!
Na
altura ao testemunhar o processo senti…esta água está a sofrer…L…vai precisar de Cura…recentemente ao encontrar um dos
livros do Masaru Emoto (Obrigado Mana!) este sentimento ganhou nova vida e
dimensão.
Há
diversos tipos de impactos menos positivos que a instalação externaliza e, a
meu ver, não paga/nem compensa. Já lá iremos…um deles é a “poluição” sonora não
só de todas as máquinas que se operam mas em especial do chamado “moinho” que
reduz o volume do minério que sai da mina (depois de muitas perfurações e
explosões…a visita ao interior da mina é uma jornada que ainda tenho de
realizar). Mais uma vez o Ambiente ao seu redor…é…difícil para ser
simpático…como é que as pessoas conseguem vir trabalhar para aqui todos os
dias? Como é que se sujeitam a isso? …e lá vem o velho discurso…pois para ti é
fácil falar tens todo o apoio que precisas…Jsim…cada vez mais acredito que temos tudo o que
realmente precisamos para cumprir o nosso potencial e missão divinosJnem mais, nem menos…
O
“Moinho” normalmente trabalha 24 sobre 24 horas…ouvindo –se a kms de
distancia…interrompendo o silencio da noite…perturbando ou embalando quem o
ouve…sim, mas nós cumprimos a lei dizia o Eng. Arménio temos os nossos
redutores de ruído. Sim, nós cumprimos a lei…sim…está tudo dentro da
legalidade…e as poeiras? E a qualidade da água e do Ar? E as infiltrações? E os
ecossistemas destruídos? E as árvores centenárias abatidas? E ? e ? E…? SIM,
MAS NÓS CUMPRIMOS A LEI…ESTÁ TUDO LEGAL, tendo em conta a Lei
Portuguesa…talvez…mas e a LEI DA VIDA? Ou mesmo a Nossa Lei Fundamental? A
Constituição? Se o Principio está Errado…Nas ultimas Conferencias de Aljustrel
foi dito que o concelho tem das mais altas taxas de Cancro das vias
respiratórias do pais…mas provavelmente também está dentro da Lei…!
Senti que o que estavam a tirar deveria
permanecer naturalmente no subsolo…há concerteza outras formas de obter os
minerais que realmente precisamos…reciclagem a fazer…Paradigmas para
Transformar e Evoluir…
Ainda
na visita percorremos, agora de carro, os terrenos que ladeiam as “instalações
de resíduos”, na prática duas/três barragens feitas na linha de água do
Morgado…”chegamos às Caraíbas dizia a Vera” pois em especial uma das bacias tem
uma tonalidade azul…mas o banho ali não será tão reconfortante como nas
Caraíbas…ainda visitamos uns terrenos que recentemente a Almina tinha trocado
com o meu Pai (também recente e orgulhoso proprietário do Morgado…pois para ele
era a concretização de um Sonho de criança…deter o terreno onde viveu a sua
infânciaJ) para realizar mais
uma obra megalómana de abertura de uma enorme vala para evitar que mais água da
chuva escorre-se para as “instalações de resíduos”…assim se mudou o curso da
principal linha de água do Morgado e se abriu mais uma imensa ferida nesta
Terra Sagrada. Bem, mas eu e o meu pai tínhamos sugerido que se procurasse
melhorar o solo ali….pois tinha ficado coberto de pedras e seria bem mais
complicado que a vida voltasse a brotar ali…”mas estes terrenos não são
vossos”...dizia a Eng. Vera…mas que interessa isso…?
Naquele
dia ainda visitamos uma zona que serviu de promotora da reunião…uma mais antiga
vala de água que servia de descarregador para uma das barragens que na altura
ainda não estava com excesso de metais pesados e que tinha uma passagem
(construída em tempos e sobre a qual a administração e a engenheira Vera nem
tinham conhecimento) para a Charca do Morgado. Logo no princípio desta aventura
e sendo a água uma das questões fundamentais (se somos cerca de 70%
água…resolvendo as questões da água temos cerca de 70% do problema resolvidoJ), eu e o meu amigo João Gonçalves decidimos começar a
puxar (apenas com um tubo ferrado) água da vala (que agora é a principal linha
de água das chuvas do Morgado) para abastecer a nosso Lago…Sentia que estava a
“salvar água” pois a água da chuva que passa por esta linha de água se iria
juntar com a água “tratada” da Mina….
Esta
linha de água foi depois “limpa” pela Almina supostamente com o aval e
orientação ”das entidades competentes que orientam”…a Lei criada pelos Homens
manda…o que sinto é que se matou de novo toda a Vida que já brotava
naturalmente no sítio e que começava a Curar a linha de água…depois das
máquinas rasparem o terreno a Natureza recomeçou de novo o seu trabalho…sempre
recomeçaJ…e o poder de
trabalhar Com Ela, em vez de Contra Ela é Tremendo e Maravilhoso…
Por
fim ainda fomos visitar a zona das “descargas de água tratada para o ambiente”,
é assim que se referem como se a Almina vivesse fora desse mesmo Ambiente! A
Eng. Vera e Eu a seguir lavámos ai mãos...”vê…é boa…nós agora é que somos a
fonte do barranco do morgado”…depois de ver e sentir o processo que aquela água
passa não a recomendava a ninguém…mas sem dúvida que aquela água estava em
processo inicial de Cura e Libertação.
Algum
tempo depois falei com o responsável da empresa independente Ambipar Control
(paga pela Almina) que faz as análises periódicas à qualidade da água em
diversas zonas do Morgado (na parte da Lavaria e inclusive na nossa propriedade,
embora não tenhamos lamentavelmente acesso aos dados que são apurados). Ele
dizia que não aconselhava nem os animais beberem desta água, pois passa por um
processo complexo, quanto mais perto da descarga pior. O que? ele disse isso?
Comentou o Eng. Arménio. Então eu ando a pagar-lhe para ele dizer isso?!…Até os
carros que passavam pela linha de água avariavam devido ao contacto directo com
o agressivo fluxo de água “zangado, abusado e violado”.
Recentemente
a Almina deixou de fazer descargas…pois ao longo do último ano realizaram mais
uma obra de grandes dimensões, o alteamento (brutal aumento de capacidade) da
principal instalação de resíduos/barragem que já estava muito perto da sua
capacidade máxima, agora a Almina tem uma capacidade muito maior de gerir a
água e realiza um circuito fechado…parece que a água não será mais Libertada
até se atingir o novo máximo. Inclusive a Almina acabou de construir um açude
(com betão) na vala de água construída à poucos anos, e que mencionei à pouco,
para agora voltar a captar as águas pluviais. Com o actual crescimento do
projecto mineiro as quantidades de recursos gastos aumentam de dia para dia e a
água é um recurso cada vez mais indispensável, também para a Almina. Os
impactos destas obras são muitos e serão durante muitas gerações…a empreitada para o alteamento da instalação de residuos foi
começada sem sequer nos informarem (apesar de estarem a operar paredes meias com
o actual Morgado). Mais uma vez solicitei uma reunião…na qual o Eng. Arménio
amavelmente e com paciência me explicou o que se estava a passar. Esta obra
durou mais de um ano (2014)…e tornou ainda mais inabitável a parte habitacional
do Morgado.
No
ano passado (penso que ainda no verão de 2014) solicitei nova reunião, depois
de estar a acumular, a observar e a suster mais e mais questões e externalidades
negativas (é assim que os economistas se referem a efeitos causados por
determinada actividade mas que normalmente não são internalizados, pelo menos
na sua totalidade, nos seus custos, não são contabilizados no seu plano de
rentabilidade).
Se
fizéssemos esse trabalho de calcular os Reais Custos, se houvesse essa Consciência,
se fosse possível quantificar…provavelmente muitos dos projectos supostamente
rentáveis (ainda que apenas monetariamente) não se tornariam viáveis.
Desta
vez precisava também desabafar ao ponto de o Eng. Arménio ameaçar mudar a forma
como se tinha vindo a relacionar comigo, numa perspectiva de “boa vizinhança”. Estive,
confesso, quase a “partir a corda” e por de alguma forma em causa o trabalho de
proximidade que tinha desenvolvido com as pessoas. Pois, no fundo o que
interessa aqui são as Pessoas…pois com diz a Mãe da Lara e minha eterna
Companheira Mónica, o Planeta vai continuar de uma forma ou de outra…nós…é que
muito dificilmente sobreviveremos (pelo menos nesta forma física) se não
começarmos claramente a mudar o Paradigma…a Evoluir…a Respeitar mais o nosso
Planeta.
Tendo
tido a possibilidade/bênção de viver e trabalhar já em 3 continentes
diferentes…foi-me sendo dada a orientação/revelação que o Morgado e o projecto
que começamos podia representar, com as devidas reservas e enraizado no seu
micro cosmos, o que na verdade está a acontecer um pouco por todo o Planeta.
Este conviver de um Paradigma de Desenvolvimento que se mostra cada vez mais
obsoleto, opressor, destruidor e baseado no Medo…e uma nova e imensa vaga de
projectos e seres que já abraçaram um caminho de Criação optimista mas bem
enraizado no solo que pisam…agindo localmente mas com uma perspectiva
global…que tanto nutrem a sua base existencial e física como o seu
Desenvolvimento Espiritual…optam por se Libertarem e Viverem os seus Sonhos e
Realizarem todo o seu Potencial DivinoJ. Com Amor.
É
preciso cada vez mais agradecer ao velho paradigma por todas as aprendizagens e
revelações mas solta-lo e acolher, de forma muito Amorosa e Curadora, o Novo.
Em especial, ajudar as pessoas (eu incluindo!J) que estão presas e agarradas ao velho paradigma de
evolução humana a optarem por uma caminho diferente, aquele que o seu próprio
Coração ditar… o que a sua única, Insubstituível e incomparável voz interior
ditar. Aprofundando, Desfrutando e Agradecendo…
Voltando
a sala de reuniões da AlminaJ…que nesta reunião do ano passado já contou com o Anjo Pedro HortaJ, íamos também com ideias de sugerir um projecto à
Almina. Desde o início que pensei que podíamos desenvolver uma Real e
Verdadeira Parceria para a Regeneração do Morgado (com os seus 230ha e mais
alémJ). Apresentamos a
ideia de um possível corredor verde que servisse múltiplos propósitos entre a
Almina e o actual Morgado. Muito bem, fomos incentivados a apresentar um
projecto (apesar de para a Almina, na voz do Eng. não fazer sentido nenhum,
pois não era um projecto mineiro…mas vá eu até valorizo o esforço que fazem…vá
apresentem lá um projecto bem feitinho dizia o Eng.) que poderia ter de
orçamento entre 1 a
1 milhão de euros.
“Sim,
já escreveu os valores?..mas vejam lá se não apresentam nada megalómano”, dizia
o Eng. Arménio.
Nos
próximos meses trabalhamos na apresentação desta proposta…queria aqui deixar
também escrito o meu público agradecimento ao Pedro Horta pelo seu especial
empenho na materialização da Proposta “Portal para a Biodiversidade do Morgado”J
Segundo
as orientações que recebemos ainda conseguimos apresentar a proposta antes do
final de 2014, ainda que com um orçamento incompleto. O único feedback que
recebemos (da Eng. Vera) foi…por favor, completem o orçamento. Ok. No dia 25 de
Março de 2015 finalmente conseguimos completar o orçamento que comporta um
valor entre 100 mil a cerca de 200 mil euros (ainda que não orçamentando todo o trabalho já
realizado e muito do que iremos realizar). Bem abaixo do valor limite que nos
tinha sido apresentado…ainda que provavelmente em tom de brincadeira.
Esperámos…entretanto
começamos a procurar abrir outras janelas, a Câmara Municipal de Aljustrel, a
Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), a Esdime – Associação de
Desenvolvimento Local que gere fundos europeus, Tamera,…etc, com a firme
convicção que o Portal vai ser uma Realidade no Terreno de uma forma ou de
outra. Essencialmente, também procuramos apoios não só financeiros mais na
própria revisão do projecto, que é para todos os efeitos uma proposta
preliminar.
Voltei
a ser contactado pela Almina no início de Julho de 2015, pensava eu que iríamos
finalmente discutir a possibilidade de realmente a Almina financiar este
Projecto e nos Meus Sonhos conseguirmos criar uma Verdadeira Parceria em Prol
do Morgado e de toda uma Região dando um exemplo claro a Aljustrel e ao Mundo
como dois projectos aparentemente contraditórios poderiam coexistir cada vez
mais Harmoniosamente…começando a caminhar e a dar o exemplo de como uma
alternativa à exploração mineira (que inevitavelmente cava a sua própria
sepultura) é não só possível como cada vez mais Urgente.
“Falaremos
sobre o projecto? Perguntei eu à Eng. Vera. Também…foi a resposta breve.”
Fiquei
com Medo! J Ainda assim e não sendo propriamente a semana ideal para me deslocar à
Almina (o tal ambiente não muito agradável de se estar, mesmo nos escritórios e
salas de reunião climatizadas artificialmente) visto estar com a Lara (minha
filha de 7 anos), lá fomos eu, o Pedro e a LaraJ.
Notei/senti
algum desconforto no Eng. Arménio e também na Dra Ana Isabel Brás quando nos
receberam. A notícia não seria agradável de receber e Eles sabiam, pois já me
conhecem um pouco. Começou mais ou menos assim o Eng. Arménio “Convocamos a
reunião para falar sobre 2 assuntos…o primeiro mais fácil/simples e o outro
sobre o projecto que apresentaram…vamos construir um novo açude e vamos ter que
ocupar uma parte dos vossos terrenos.”
Mapas
foram mostrados…justificações foram dadas. Na altura da anteriormente referida
troca de terras, aquando da construção da nova vala que desviou a original e provavelmente
milenar (ou mesmo com milhões de anos…ou mais) principal linha de água do
Morgado e cujas reais e totais consequências ninguém pode saber totalmente, foi
feito um acordo de troca de terras para permitir a construção da vala nos terrenos
do Morgado da altura. Nesse acordo a Almina salvaguardou que podiam existir e
desde logo seriam aceites variações/ajustes na ordem dos 10%. Segundo o Eng.
Arménio a área a ocupar estaria bem dentro dos 10% e, pronto, ainda assim
estavam a fazer-nos um favor ao nos informarem antes de as máquinas irem para o
terreno (ao contrário do que fizeram na obra anterior), promovendo uma relação
de “boa vizinhança”. Provavelmente tudo isto já estaria previsto à anos e nós
apenas somos informados dias antes das máquinas entrarem no terreno…para quem
tem um Mestrado sobre o Desenvolvimento a partir de Baixo esta situação é bem
difícil de digerir…
Enfim,
como para mim é cada vez mais difícil analisar as acções que vão ser tomadas a
cabo no terreno, sem estar no terreno, combinamos nova reunião para dai a uma
semana…pois eu estava já de malas e pensamento aviado para ir ver o meu
sobrinho João que tinha nascido no dia de São João! Dia 24 de Junho. Estas
linhas também são escritas a pensar em Ti, João…aliás todo o projecto do
Morgado é realizado e sonhado tendo em conta as gerações seguintes…JTambém o nome Morgado significa algo relacionado com
Herança, Legado…e sem dúvida procuro também honrar, valorizar e agradecer o
Legado que o meu Pai me dá…
Quantas
árvores vão ser sacrificadas? Uma ou duas…dizia o Eng. Arménio.
A
questão também veio à baila porque dos aspectos que mais um custou observar na
obra anterior, de subida abruta do paredão da instalação de resíduos foi o
arranque e transplantação de diversas azinheiras (árvores protegidas pela Lei
dos Homens!) centenárias na ilusão idiota, ignorante e irresponsável de que
sobreviveriam…inclusive eu na altura acho que acreditei que poderiam sobreviver
(partilhando da mesma idiotice e ignorância). Mas claro, sentia o princípio
claramente errado…e se o princípio está errado…é mais um legado da intervenção
mineira no Morgado, um Cemitério de árvores centenárias…fotos de homenagem
serão divulgadas…
Ah,
e em relação ao nosso projecto…apesar de o Eng. Arménio ter o mapa e o
orçamento no seu caderno de notas, percebemos tristemente que nem o tinha lido…tinha
apenas lido um resumo que a Eng. Vera lhe tinha feito, depois de lhe ter,
segundo ele “tirado a palha”. O projecto é agora considerado megalómano e o
valor que nos foi oferecido subiu de 1 euro para 5 mil euros ou desceu de 1
milhão para 5 mil consoante queiramos interpretar…pois o Eng. afirmou que não
tinha dito isso, ou que não foi bem assim que disse…Além do mais, agora, passados
alguns anos de me ter dito que eu não teria problema nenhum o Eng. espanta-se
de eu ter escolhido me dedicar a um terreno vizinho de “uma instalação destas”.
Foi me dito para pensar quanto valia o Morgado, dando a entender a intenção da
Almina o comprar.
45 milhões para 20 postos
de trabalho???!!!! Em 2014, investiram 104 milhões para criarem apenas 230 postos
de trabalho. A Almina pertence ao grupo I´M Minning que investiu mais 21,5
milhões em Aljustrel através da Empresa de Perfuração e Desenvolvimento Mineiro
(EPDM) também por si detida. Neste Ano (2015), a Almina prevê atingir um volume
de produção de 2,3 milhões de toneladas de minério, mais 300 mil toneladas do
que em 2013 e o dobro do que em 2012. Espera facturar cerca de 125 milhões de
euros, mais 20 milhões do que 2014. Em 2011, o grupo I´M Minning tinha a
perspectiva de que em seis a oito anos não poderia produzir mais nas minas de
Aljustrel, mas hoje pensa que tem minério (cobre/zinco) para mais 10 anos. “O
nosso principal foco é conseguir prospectar, sondar a área que nos está
concessionada e alguma área que vamos querer que o Estado futuramente analise
para nos conceder para podermos dar longevidade a este projecto” assumiu
recentemente o presidente da empresa, Humberto Costa Leite. Dados/informação
retirados de um Jornal Local.
Posto
isto como pode ser o nosso projecto considerado megalómano? E não me digam que
não há dinheiro…podem dizer que não há vontade…nem Consciência para…mas
dinheiro há e muito…
“Se
é assim que quer viver…por cima de uma exploração mineira que até lhe vai fazer
saltar os pratos quando estiver a comer”…e riam os nossos interlocutores…Eu…no
meio de uma Consciência Testemunha (que promove a Equanimidade) que está a ser
apuradaJ, sentia real
desilusão e tristeza a apoderar-se da minha “casa de hospedes”L. “Sabe que abaixo de 3 metros , o subsolo
pertence ao Estado, NADA pode fazer”. Resta saber Quem é este Estado…e que interesses,
princípios e valores serve.
Quinta-feira
dia 9 de Julho de 2015 retornei do Norte de Portugal…pronto para mais uma
Jornada no Morgado, Monte da Luz. Costumo dizer que o Morgado me Cura,
Purifica……O Verão tem sido bem desafiante, já estamos em situação de seca, a
manhã de trabalho também tinha sido exigente, mas nada comparado com o que
vinha a seguir.
Lá
nos encontramos no sítio da construção do novo açude, o Eng. Arménio
(personagem que, no fundo, aprendi a gostar realmente…relembro que alguém
dizia, ah, mas ele é um pouco rude e difícil de lidar…percebo a questão mas
sinto que desde o inicio realmente conseguimos comunicarJ) vinha acompanhado pelo Eng. Emanuel Conceição
(reencontrei aqui esta pessoa que me acompanhou num convívio fraterno em 2002,
no seminário de Beja, engraçado as voltas que a vida dáJ). Vinha bem-disposto e a brincar…ah, chegaram mais
rápido a pé que nós de carro!...pois também sinto que conheço melhor o terreno
que o sr! (pensei eu, até porque me pareceu que era das primeiras vezes que o
eng. estava naquele local). Vou tirar-lhe uma foto com esse chapéuJvou lhe enviar a foto…quer ver está aqui no meu
telefone como o “chato”Jna verdade estava como vizinho Parreira filho..…olhe, aqui veja a minha
filha junto ao Fábio Coentrão…não é só você que tem filhas bonitas…J
Já
tinham estado a marcar o terreno com estacas no dia anterior, e quando percebi
o que realmente estava em causa…que não era uma ou duas árvores que seriam
destruídas mas sim todo um Ecossistema de Montado de Azinheiras (algumas com
centenas de anos), uma Floresta Sagrada por onde eu diversas vezes tinha ido
receber ensinamentos e iluminações de diversas ordens, enfim, o Valor deste
espaço não pode ser quantificado…nem temos ainda essa compreensão. Com o
desenvolvimento da Sensibilidade (a Consciência vem através do apuramento da
Sensibilidade) que os últimos anos de trabalho no Monte me proporcionaram
fiquei imediatamente mal disposto como se tivesse levado um forte murro no
estômago. A conversa continuava, agora também com a Engª. Vera e a Dra. Ana
Isabel, mas parecia-me distante…difusa…
Sei
que para o Eng. Arménio e para a restante equipa já deve ter sido um belo
esforço de consideração e “boa vizinhança” os esforços despendidos para me
explicarem e convencerem da validade e importância do açude (e também por isso
aqui fica escrito o meu sincero agradecimento). “temos as máquinas
paradas…permitimos que fosse embalar o seu sobrinho…etc…etc…estou aqui a
explicar-lhe as razões desta obra, até a mesma é imposta pelas entidades
responsáveis….está tudo dentro de Lei…e mais blablabla…Olhe, que eu reduzi o
perímetro de segurança, senão lá ia a encosta das árvores toda!”
Naquela
altura parece que realmente a energia feminina se manifestou e surgiu a ideia
de só se arrancar as árvores estritamente necessárias para a construção do
açude, embora correndo o sério risco de morrerem posteriormente por excesso de
água.
O
açude será construído no que sobra da original linha de água do Morgado, para
poder conter uma possível ruptura da nova e imensa instalação de resíduos (o
verdadeiro e maior problema), além de poder também conter possíveis novas
“descargas para o ambiente” quando se atingir a cota máxima da nova instalação.
Ah, também ajudará a prevenir a erosão, pois a água vai descarregar em lâmina
acrescentou o Eng. já que por esta altura, em especial o Pedro ia lançando
algumas questões de forma a minimizar danos.
Mais
uma vez a paisagem vai ser rapidamente alterada sem realmente se saber todas as
consequências de tal acção…como poderemos saber? E depois quem assumirá as
responsabilidades? Será o fim da linha de água do Morgado…um novo começo…a água
será boa? Pois antes do açude só a água da chuva passava ali (pelo menos à
superfície) agora, depois de construído já se notam infiltrações de água muito provavelmente
“contaminada”, pois como se viu no recente acidente numa mina do Brasil a natureza mais cedo ou mais tarde trata de democratizar, espalhar, libertar o que está excessivamente concentrado…fotos serão divulgadas no blog…
Saímos
e fomos levados novamente para a sala climatizada e para alguns copos de água
(entregues por uma empregada da Almina com as mãos a tremer)…ainda tentei
explicar a dor que estava a sentir e o quanto me custaria ver tal coisa
acontecer, provavelmente nem conseguiria assistir. Senti alguma ressonância nos
olhos do Eng. que o Pedro diz parecerem vazios quando ouve algumas das coisas
que lhe dizemos. Mas a decisão estava tomada, à muito…muito tempo…e ele tinha
mais que fazer (apesar de sinceramente gostar de conversar connosco).
“Depois
quer a madeira toda cortadinha? Para si?...A gente leva-lhe isso”…apertamos as mãos, agradecemos e saímos. Respeito e não tenho nada contra o Eng. que considero um muito
bom profissional e acredito genuinamente que faz o melhor que pode e consegue
assim como todas as pessoas que tive o privilégio de conhecer...Esta História é no Essencial a Favor de Mim...e não contra nada, nem ninguém...
Em
especial a noite e o dia a seguir não foram fáceis, no dia a seguir e nos dias
seguintes ainda enviei mensagens a manifestar que não conseguia compactuar com
a obra e não autorizava que destruíssem nada para lá da nossa vedação…pedia
mais Tempo, mais Espaço para podermos discutir alternativas, pensar bem, tinham
que existir…tem que existir (açude mais pequeno?, vários mais pequenos? Fazer só
do “vosso” lado?…sentia o principio novamente fortemente errado… pedi o estudo
de impacto ambiental…não obtive qualquer resposta…as obras começaram na segunda
feira dia 13 de Julho e num dia só a destruição foi Impressionante…fotos
e vídeos de homenagem serão divulgados…
No
Outono passado (novembro de 2014) choveu bastante e como é normal (e sobretudo
devido às feridas abertas no Solo do Morgado e à sua consequente e deficiente
incapacidade de absorver a água, a Vida que lhe é depositada) o Morgado a
partir de certa altura sangra…e em especial num dia sangrou bastante, imensa
água/vida passa pelo Morgado mas não fica muito tempo.
Em
especial no sítio onde se está a construir o açude passou bastante água com uma
velocidade impressionante…mais uma vez
tem de se estar, ver, sentir na pele e na carne para realmente aprender/absorver
com a experiência de forma mais profunda e integral.
A
zona do novo açude está no ponto mais baixo da linha de água e nesse dia até a
zona das “descargas para o ambiente” jorrava água…”tratada”? Sim,
claro…cumprimos a Lei.
Depois
desse evento extremo a Natureza respondeu e houve uma explosão de Vida naquela
zona…toda a rica e extensa biodiversidade própria do clima mediterrâneo[2]
germinou e recuperou, diversas árvores que resistiram ao impacto da água
cresceram…outras, especialmente jovens salgueiros corajosamente nasceram e cresceram,
toda a Natureza juntou esforços e alianças para fazer face a uma nova
tempestade com força redobrada. É também isto que tenho observado no Monte, ano
após ano a Mãe Natureza indica, por vezes de forma muito subtil, o
caminho…ensina para quem se dispõe a aprender os seus mistérios e magias…a sua
imensa beleza e harmonia num aparente caos. Depois de dia 13 de
Julho…concretamente na linha de água pouco mais havia que pó…e algumas árvores
já haviam sido arrancadas…mas como quase sempre (a menos quando abusamos de tal
forma que se torna praticamente impossível uma regeneração) a Natureza vai
responder…
Esta
História[3] é essencialmente
uma Homenagem a um Real Espaço Sagrado que, inclusive enquanto escrevo hoje
está a ser apagado da História….está a ficar irreconhecível...está a ser
Sacrificado…tinha de acontecer? Sim, dirão muitas pessoas e as “entidades
responsáveis” e até talvez algumas Leis escritas por nós…Eu também digo que
Sim…mas por razões diferentes[4]…e por
isso estas linhas são escritas e divulgadas ao Mundo…tenho essa vontade, essa
responsabilidade…esse desígnio…esse Sonho…
…Eternamente
Grato por Todos os Desafios, Revelações, Aprendizagens e Oportunidades
proporcionadas…
…que
continuemos a Caminhar…que todos (as) que quiserem se manifestem aberta e
livremente, que Papel deverão ter os terrenos vizinhos de zonas mineiras? Vamos
continuar a fugir para a frente o mais rápido que conseguimos e sem
questionarmos o caminho? Ou paramos, respiramos e caminhamos para cima? Vamos
evoluir de Paradigma? Vamos dar real Sentido à nossa Caminhada Diária? Ou só
porque a China e a India decidiram beber coca-cola (como dizia um dos
administradores da Almina numa das Conferencias de Aljustrel) vamos hipotecar o
nosso presente e futuro? Para Real Proveito de Quem? Do Que?
Não
se criam Paradigmas novos de um dia para o outro…mas há que traçar um caminho,
um horizonte, um sentido, uma visão e trabalhar no presente para isso…e o que
claramente senti nos últimos tempos é que a Almina não demonstra essa vontade...assim
os habitantes de Aljustrel e das regiões vizinhas devem ter o Poder de decidir…Aljustrel
é uma zona para se Viver ou para Explorar e depois apenas visitar como Turista
de zonas Mineiras?…Hoje, Eu já não quero a minha família a Viver em Aljustrel…não recomendo a ninguém que venha viver para a vila, pois também está na direcção do vento dominante (absorvendo bastante a poluição do ar provocada pela lavaria da almina)...
…Agora,
estamos a tempo de reverter….Tudo é Possível…a mina a funcionar e a regeneração
a acontecer para que quando se der o inevitável fecho das minas os seus
trabalhadores possam ter alternativas de Vida com Real Qualidade…Aproveitaremos
a Oportunidade?
…Aprofundando,
Desfrutando e Agradecendo…
José Parreira
[1] Dia 17 de Julho de 2015
[2] Como
está previsto no Portal do Morgado, contamos editar um Guia da Flora do
Morgado, à semelhança do que já patrocinou a Somicor em Castro Verde (Mina
com características semelhantes à da Almina embora com uma dimensão bem maior).
[3] Tem
um valor em Si mesmo…não pretendo nada para além de a manifestar e de me
responsabilizar pela mesma, dentro das minhas enormes e belas limitações e
defeitos como Ser Humano apenas me reservo o direito de Sonhar e partilhar esse
Sonho. É a minha Verdade, Hoje…
[4] Como
o meu Pai costuma dizer…”está Tudo Previsto”J…mas terei a Coragem,
teremos nós a Coragem e a Sabedoria para Realmente Percorrer o Caminho…Sonho
que Sim…